Situado no cimo de uma elevação de natureza granítica a cerca de 500m da EN 210, no monte de S. Tiago, possui vestígios de muralhas e habitações castrejas. A quase inexistência de vegetação torna visiveis os intensos vestígios do recinto fortificado, com três ordens de muralhas, bem como as cristas de alguns edificios circulares ou quadrangulares, certamente habitacionais. Certo parece ser que foi intensamente romanizado e que ainda era ocupado na Alta Idade Média. O acesso ao Castro de Arados é feito através de sucessivas calçadas que ligam a parte baixa da freguesia de Alpendorada e Matos (desde a EN 210, a partir do lugar da Serrinha) às pedreiras da zona mais elevada, precisamente as da encosta Oeste do monte de S. Tiago. Nas proximidades deste lugar de Arados há um troço de calçada bem conservado, que poderá eventualmente remontar à época romana. Ainda não foi objeto de escavação arqueológica sistemática, havendo um espólio significativo recolhido desde o início do século passado por Leite de Vasconcelos e outros, encontrando-se depositado no Museu Nacional de Arqueologia de Lisboa.
Castro dos Arados / Alto de Santiago
IPA
Sítio
NºIPA 1307010001
Designação
Castro dos Arados / Alto de Santiago
Localização
Porto, Marco de Canaveses, Alpendorada e Matos
Acesso
Monte do Ladário; estradão ao km 75 da EN 210; Gauss: M-191.1, P-458.7; Fl. 135
Protecção
Monumento Nacional, Dec. 16-06-1910, DG 136 de 23 Junho 1910
Enquadramento
Rural, isolado, outeiro destacado, coberto com vegetação rasteira, sobranceiro ao Rio Douro e ao Rio Tâmega.
Descrição
Povoado fortificado romanizado com três linhas de muralhas, chegando a atingir uma altura de c. de 6 m, que definem um recinto de contorno sensivelmente elipsoidal, implantando-se no sector N. o reduto interior, estando as duas interiores unidas de N. a O., enquanto a N. e a E. a linha defensiva intermédia e a exterior se adossam à penedia, na zona de maior declive. Nas plataformas interiores encontram-se amontoados de pedra solta resultantes da ruína de construções e das próprias muralhas, sendo ainda visíveis vestígios de construções de planta circular e rectangular. Tivemos a informação que neste local foi detectado um forno cerâmico, embora não o tenhamos observado. No sopé do outeiro, a O., foi detectada, no séc. XVIII, uma necrópole com c. de 12 sepulturas abertas no saibro e estruturadas com lajes, estando todas cobertas com lousas, fornecendo espólio cerâmico, pregos e numismas romanos do Alto e Baixo Império. Uma das sepulturas tinha na cabeceira uma estela com uma cruz gravada, inserta num círculo. Neste local terá existido um castelo medieval, e embora tenha aqui sido registado espólio cerâmico coevo não se tenha detectou qualquer estrutura ou vestígio com ele relacionado.
Utilização Inicial
Militar / residencial
Utilização Actual
Marco histórico-cultural
Propriedade
Privada: pessoa singular
Época de Construção
Proto-História / Antiguidade / Idade Média
Cronologia
Proto-história - Construção do povoado;
Antiguidade - ocupação romana;
Idade Média - construção de um castelo.
Tipologia
Povoado fortificado proto-histórico de contorno sensivelmente elipsoidal, contornado por três linhas de muralhas e com vestígios de ocupação em época romana e medieval.
Características Particulares
Forno cerâmico, necrópole.
Dados Técnicos
Paredes auto portantes; muralhas construídas com silhares assentes em seco, em aparelho poligonal e irregular, constituídas por dois paramentos paralelos preenchidos interiormente com pedra miúda; paredes das construções em dois paramentos; sepulturas abertas no saibro e estruturadas com lajes.
Materiais
Muralhas e construções em granito; cobertura das construções com tegula e imbrex; cobertura das sepulturas em lajes graníticas.
Bibliografia
COSTA, António Carvalho da, Corografia Portugueza e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal, vol. 1, Lisboa, 1706, p. 351; VIEIRA, José Augusto, O Minho Pittoresco, vol. 2, Lisboa, 1887, p. 500; VASCONCELLOS, José Leite de, Religiões da Lusitânia, vol. 2, Lisboa, 1905, p. 287 - 288; VASCONCELOS, Manuel de, Apontamentos arqueológicos do concelho de Marco de Canaveses, O Archeologo Português, 19 (1 - 6), Lisboa, 1914, p. 12; AGUIAR, Manuel Vieira de, Descrição histórica, corográfica e folclórica de Marco de Canaveses, Porto, 1947, p. 63 - 64; CRUZ, António, Notícias da necrópole de S. Tiago de Arados descoberta no séc. XVIII, Trabalhos de Antropologia e Etnologia, 11 (4), Porto, 1947, p. 329 - 349; LANHAS, Fernando e BRANDÃO, Domingos de Pinho, Inventário de objectos e lugares com interesse arqueológico, Revista de Etnografia, 8 (1), Porto, 1967, p. 12 - 13 e 52; ALMEIDA, Carlos Alberto F. de, Castelogia Medieval de Entre-Douro-e-Minho. Desde as origens a 1220, dissertação complem. de doutoramento, policopiado, Porto, 1978, p. 29; PONTE, Salete da, Fíbulas de sítios a Norte do rio Douro, Lucerna, s/n, Porto, 1984, p. 137, nº 71; SILVA, João Belmiro P. da, Marco de Canaveses - Os Castros, Marco de Canaveses, 1992, p. 23 - 38.
Documentação Fotográfica
DGEMN, DSID
Intervenção Realizada
Séc. XX, inícios - escavações arqueológicas sob a responsabilidade de José Leite de Vasconcellos.
Observações
Este local é referenciado na documentação dos séculos X e XI como mons aratros. O espólio deste local é constituído por fragmentos de cerâmica comum da Idade do Ferro, cerâmica comum romana, cossoiros, numismas, tegula, imbrex, duas fíbulas anulares em bronze (Fowler B1) e uma cabeça de estátua zoomórfica, cerâmica comum medieval. As fíbulas de bronze e a cabeça de estátua zoomórfica estão depositadas no Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia. O local serve de divisória às freguesias de Alpendurada e Matos, Ariz e Magrelos.